Por Maestro Luciano Peixoto
O canto é
uma arte que se desenvolveu ao longo dos séculos, e o mais impressionante é que
seu estudo é embasado através do empirismo, ou seja, pelo método prático de
analisar como se chega num determinado objetivo através de tentativas
assertivas. Foi por este tipo de conhecimento não científico, que se descobriu
e amadureceu a própria arte do canto, a emissão, colocação, ressonância vocal,
a técnica vocal e os vocalizes.
Este tipo
de dinâmica e de crescimento sobre a arte do canto, não se deu do nada.
Pensemos um pouco nos mestres e professores de canto que fixaram estes estudos
através de suas experiências e de um longo caminho de prática, como, por
exemplo: Concone, Sieber, Vaccaj, Pnofka, Marchesi, Rossini, Lehman, Panseron,
Rubini, Lablache, Lamperti, Lütgen, Dannhauser e Cacilda Barbosa. Cada um
desses autores desenvolveu seus próprios métodos de canto, com objetivo único
de “descascar” a voz do aluno de canto e permitir sua longevidade vocal. Sendo
assim, o aluno podia executar qualquer música de câmara (Chanson, Lieder,
Modinhas e Canções Brasileiras) e, sobretudo árias de óperas.
Mesmo que
muitos ainda digam que o canto é uma ciência, temos a consciência que não é,
mas, nem por isso devemos desmerecê-la, pois, sabemos que a ciência contribuiu
muito para o desenvolvimento do estudo do canto, e que a fonoaudiologia, ajuda
não apenas no conhecimento teórico e prático da voz e de suas propriedades, mas
também sobre ajustes e correções da voz humana. Isto pode torna-se um grande
diferencial para um aluno de canto, sobretudo se este tiver alguma “disfunção”
em sua voz.
O bom
mesmo seria que os profissionais da voz – professor de canto e fonoaudiólogo -
trabalhassem juntos, podendo, assim, analisar nos dois parâmetros a voz do aluno.
Pois há questões científicas na voz humana que somente à luz da ciência podem
ser sanadas, como também existem questões sobre a voz que somente à luz do
conhecimento empírico do canto é que se podem alcançar certos objetivos.
Não
criemos dissenções nem muito menos empatias, conhecimento científico e
conhecimento empírico, se ajudam de forma mútua. Percebamos que o canto é uma
ínfima expressão dos nossos sonhos, desejos, alegrias e tristezas, e que a voz,
que é portadora do cantar, possa ser apreciada e estudada pelas pessoas
capacitadas nas áreas afins, buscando um só objetivo, assim como os grandes
mestres do canto tinham: cuidar da saúde vocal do seu aluno, tornando-o
preparado para cantar.
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